A muito tempo tento escrever essa ópera... mas só agora é que as palavras conseguiram fluir do coração diretamente à pena.
1° Ato - O Ser
Tudo começa com a história de um homem que amava a escuridão. Lá e somente lá Ele encontrava forças para poder seguir em frente sem olhar para tras.... tentando esquecer tudo o que um dia sonhara e tudo aquilo que aos poucos o matou.
De tanto ver o que o mundo fazia com Ele, seus sonhos foram transformados em angústias e seu amor em gargalhadas lúdicas de quem apreciava a morte.
O seu andar mórbido e suas idéias grandiosas e astutas ludibriavam todos e tudo o que tocava... e seus olhos, aqueles enormes buracos negros encravados em teu rosto, rasgavam ignorância e solidão matando aos poucos tudo que entrava em seu caminho.
Por onde passava tal Ser alimentava a terra com lágrimas e o vento árido compassava teus passos como a Nona Sinfonia de Beethoven... tudo que o encostava morria... tudo que o beijava sofria... tudo que ardia congelava com apenas um afago de seu sombrio coração...
Era seu fim?
2º Ato - 29/10/11- Prelúdio
Faltava apenas 1 mês para novembro... o mês que o Ser mais adorava porque, aqueles dias chuvosos e a estação sem flores o fazia lembrar de sua situação e o deixava mais confortável... uma vez que compartilhava sua angústia com todos os demais mortais.
Faltava apenas dois dias para 31 de outubro... o temido dia em que o Ser veio ao mundo devorar corações, ou melhor, em busca de um... e era no dia 31 que o mal o temia pois... era no dia das bruxas que se tornava um só ser... cadáver, angustia, ódio.
Porem, algo veio acontecer dia 29 de outubro que mudou sua vida para sempre... seria possível um corvo se transformar em uma fénix?
3º Ato - Redenção
Dia 29
Foi o dia em que o Ser provou pela primeira vez a vida... onde pode sentir e ser sentido... ser aquecido e aquecer... ser pela primeira vez amor.
Tudo foi possível graças a uma flor de jasmim... que brotou em uma terra árida banhada por lágrimas...
A flor perfumou e coloriu sua terra e trouxe com ela a primeira borboleta, o que seria o primeiro sinal de vida onde não havia nem luz.
Com uma flor, veio um jardim... com um jardim uma borboleta... com o tempo um coração... e então do corvo nasce a Fenix.
Era 28 de novembro, e aquele mês já não completava o Ser...
Foi então nesse dia que a Fera jurou a Flor que não iria perder um único sorriso... um único beijo... que a manteria perto e a abraçaria forte para poder sentir seus corações em sincronia... e jurou... que ficariam nesse momento pelo o resto de suas vidas...
Era um final feliz como os de contos de fada... onde um ser que era nada passou a ser tudo... graças a um beijo de uma flor de jasmim.
Fim.
Os dias se descrevem em:
Flor de Jasmim
Fazia frio...
A chuva compassava o ritmo das águas...
Nossos sorrisos deflagrados se confundiam
Com o desejo de sermos um único ser...
Trovejava...
Fechávamos os olhos para sermos os únicos...
Como uma valsa, compúnhamos a nossa dança dos corpos
Pela batida desordenada de nossos corações...
O Ato...
Quando não aguentara mais tamanha angústia...
Perde-se no beijo de uma Flor de Jasmim
Todos teus sonhos e desejos suprimidos...
Estava feito...
Os Corpos já não tremiam mais de frio..
Já não havia sorrisos através da dor
Tudo que ali restara confundi-se com amor...
A felicidade...
A Tamanha complexidade de se Tornar um Ser efêmero...
E que em apenas uma noite
Foi descrita em um doce beijo...
De Flor de Jasmim.