sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Fragmentado

 Fragmentado  https://youtu.be/Nco_kh8xJDs


Caminho a passos largos
Por destinos tortuosos
Que jamais pensei trilhar.

Ando até meus pés sangrarem
E sob a espessa e opaca nuvem do futuro
Aprecio meu final não desejado.

Perco-me, talvez, pela falta de fé
E choro pela primeira vez.

A lágrima escorre e segue seu próprio caminho
E sob minhas frágeis fraturas
Moldam minha delicada essência humana.

Até quando? 
Pergunta o Ser pífio em mim.

Até quando...
Respondo em tom baixo
Engolindo o choro pela ultima vez.

segunda-feira, 1 de março de 2021

Ripple

Ripplehttps://youtu.be/QmMjY6tXaEo


Estige e Aqueronte transbordam 
Sangrando sobre tuas margens plácidas.

A enchente varre o vazio e o breu do submundo...
São milhares de almas despedaçadas.

Caronte não entende...
Mas percebe que algo está errado e agradece.

O cintilar de moedas em teu bolso está cada vez mais fúlgido.

Não há guerra para alimentar Ares
Não há força que tente derrubar Atlas. 

Sacrifícios? Peste?

O peso do ouro torna teu barco insustentável.
O remo, como azeite, não se mistura com a água.

O silêncio ecoa...

A agonia está presente...
As almas não gritam... Apenas se afogam. 

Caronte continua...

Dourado como o Sol
O Barqueiro é a única luz.

Este é o caminho...

O afluente molda teu Destino
Guiado pela Harpa sem cordas...

Este é o caminho para casa.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O Guarujá

 

O Guarujá - https://youtu.be/7fuqZFBTP0I


Aproveito a chuva
Para confundir minhas lágrimas.

Fecho os olhos e sinto o tempo...
Sei que tudo há de ter um começo e um fim...
Mas o fim... Esse sempre dói.

Ver aqueles que você ama fenecer...
Definhando... Por quê?

O choque das memórias não fazem sentido...
O Ser que está ali
Não é o mesmo que esta em minha saudade. 

Chega a ser frustrante... 
Pensar o quão a vida é frágil
E ver de perto os fios sendo puxados.

Eu quero gritar...
De frustração... De raiva...
Não sei... Não sei.

A dor é estranha...
É um vazio que...
Que apenas o silêncio dá conta...

Então me calo...
A chuva e os trovões que orem por mim.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

HeartBreaker Cenobita - Capítulo II

Capítulo II - Breathe (breathe in the air)

As correntes cintilantes acompanhavam o som dos chicotes. E então... houve um súbito silêncio.

O corpo balançava em movimentos pendulares descompassados. A deformidade era presente, todavia o que chamava mais atenção era o tórax do açoitado.

Dilacerado... Aberto do externo até as costelas flutuantes. O tórax pulsava. O movimento, imitando o bater de asas dos corvos, lembrou ao Cenobita de tua própria existência. 

- Respire - Disse o demônio. 

Um som sujo, com toques de líquido denso escorrendo por cada nota desafinada, quebrou o vácuo do silêncio existente. 

- Não pos... - Disse o manauara em plena agonia.

O suplício era algo único. Esse regia a ópera caótica que estava em todo recinto. Sangue, Morte, Correntes e, por fim, Demônios. Tudo se encaixava perfeitamente.

- Obrigado pela bela música - Disse o Cenobita sorrindo.

Sons de correntes e chicotes ecoaram mais uma vez...

A Entropia, enfim, achou teu compasso. 

O Inferno exalava vidas.